Crítica| Cruella

By Helen Martins - 6/01/2021 10:00:00 AM

Cruella é sem sombra de dúvidas um dos melhores remake live-action da Disney!


Quando a Disney anunciou que faria um remake da história de uma de suas principais vilãs, a notícia chegou cercada de baixas expectativas, até mesmo muitas negativas. O trabalho do filme não seria nenhum pouco fácil ou simples, a promessa era contar a origem da vilã Cruella De Vil, algo que já vimos que dá certo na franquia Malévola. A escolha da vencedora do Oscar Emma Stone (La La Land) como a protagonista, deixou boa parte do público desconfiado do que viria nesse longa. Cruella, no entanto, surpreende de forma maravilhosa, contendo um elenco carismático e talentoso, trilha sonora marcante, figurinos e maquiagem deslubrantes.

CRUELLA ORIGEM


O longa acompanha Estella Cruella (nome de batismo da protagonista) desde sua infância. Nos primeiros segundos do filme fica nítido que Cruella nunca escondeu que sempre teve uma inclinação para a sociopatia. Ao contrário do que vemos em outros filmes, onde tentam justificar as ações imperdoáveis da vilã com histórias de fundo trágicos, o longa Cruella não tenta usar as experiências como justificativa para os atos cometidos pela nossa protagonista, ainda que alguns dos eventos traumáticos vivenciados pela futura estilista, seja utilizado como forma de construção da vilã.

Desde a infância, a protagonista, vivida no período pela fantástica Tipper Seifert-Cleveland, é agressiva, avessa às regras e padrões sociais. Entre problemas na escola e tendo apenas Catherine, sua mãe, como uma amiga, ao menos até começar a escola, Cruella mostra sinais de genialidade e criatividade, características essa que ela utiliza para criar os seus designs. Já na pré-adolescência/Adolescência Emma Stone, aparece como Estella, uma ladra e golpista com grande talento e sonhos ainda maiores, de se tornar uma grande estilista. Mas é apenas quando se torna uma jovem adulta que a situação realmente se complica, Stone passa a ter que equilibrar Estella com Cruella, a impiedosa e obstinada estilista.


Entre as duas personalidades, a atriz interpreta duas personagens distintas, em uma atuação que supera outros papéis já feitos pela atriz. Imersa na dualidade da vilã, Stone cria uma nova versão de Cruella, sem desmerecer de forma alguma a Cruela DeVil feita por Glenn Close em 1996.

PERSONAGENS

O elenco de Cruella é simplesmente impecável em seus papéis, o que ajuda a realçar o trabalho de Stone. Enquanto a atriz mostra uma química incrível com Joel Fry e Paul Walter Hauser, que vivem respectivamente, Gaspar e Horácio na nova versão, é a relação de Cruella com a Baronesa que rouba todos os holofotes da tela. Em uma relação que remete muito aquela que já vimos em O Diabo Veste Prada, a Baronesa, personagem interpretada por Emma Thompson, é o principal catalisador para a ascensão de Cruella como estilista.


Um dos principais personagens de todas as versões dos filmes da Cruella, são os cachorrinhos(Dálmatas), e nessa versão eleas não são diferentes. Eles são tão presentes quanto qualquer ator do elenco e a evolução da relação de Cruella com os cachorrinhos, acompanha passo a passo a evolução da personagem. E não, a Cruella não é uma assassina de cachorros.

ROTEIRO


O roteiro de Cruella deixa a desejar em alguns poucos pontos. Mesmo que o longa saiba aproveitar de forma eficiente todos os personagens à sua disposição, o script falha nos personagens de Kirby Howell-Baptiste, interpretando o papel de Anita (ou Tabitha, na versão brasileira), amiga jornalista de Estella e Mark Strong, como Boris, o valete da Baronesa Von Hellman, cujos papéis não oferecem muito além de ser easter eggs à animação original. A presença da dupla não afeta absolutamente nada na história e o público dificilmente sentiria a falta de seus personagens caso, fossem completamente removidos do longa.

Outro ponto negativo são os efeitos especiais utilizados nas cenas finais entre Cruella e a Baronesa, infelizmente a cena pós conversa delas no jardim não ficou nada boa.

FIGURINO


Os designs de Cruella são primorosos. Criados por Jenny Beavan (Mad Max: Estrada da Fúria), os vestidos têm base na estética punk dos anos 1970 e ajudam imageticamente a narrar a história de transgressão e quebra de padrões que levam Cruella ao estrelato do mundo da moda. Sempre utilizando-se das cores preto, vermelho e branco as roupas dão tanta vida aos personagens quanto vice-versa. O closet da fashionista, que conta com um total de 47 figurinos, é composto por peças vintage de nomes famosos como: Vivienne Westwood, Dior, Balenciaga e John Galliano. 


A maneira como as roupas são apresentadas são um toque a mais, que encanta e anima na mesma medida já que você nunca sabe como Cruella irá aparecer e muito menos como ela estará vestida; fora que a montagem dos trajes é um espetáculo à parte.


O trabalho do departamento de cabelo e maquiagem também é fantástico. Assim como o figurino, são eles que ajudam a transformação de Estella em Cruella. Todos os detalhades cuidadosamente escolhidos transforma Stone de uma estilista ruiva com um cabelo bem “comportado”, em Cruella com um volumoso corte icônico conhecido por fãs de 101 Dálmatas.

TRILHA SONORA

A trilha sonora do longa é um dos principais elementos para dar o tom do filme. Grandes hits de bandas como Bee Gees, Queen e The Clash, são inseridas ao longo da trama intercalando com as composições originais de Nicholas Britell, vez ou outra você se paga cantarolando alguma das músicas.

Cruella é em sua essência um filme sobre mães e filhas, sobre sonhos e sobre problemas psicológicos (Depressão, sociopatia, psicopatia), tudo embrulhado em uma belíssima roupagem, cercado por um elenco que entregou um trabalho fantástico, toda cena tem algum tipo de referência e detalhes que passam despercebidos, mas que quando notados trazem uma nova camada de profundidade ao filme. Ao mesmo tempo que traz temas mais pesados, Cruella é divertido, empolgante e duvido muito que alguém não irá gostar da Cruella de Emma Stone.

⭐⭐⭐⭐⭐








*Todas as imagens utilizadas no texto pertencem a Disney

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