Crítica| Sombra e Ossos

By Helen Martins - 5/26/2021 10:00:00 PM

A Netlix lançou no último mês a série Sombra e Ossos. 


Sombra e Ossos é baseada em duas sagas de livros escritas pela autora Leigh Bardugo, ambientada em um mundo fantástico que se espelha na Rússia Imperial. A trama gira em torno  da órfã Alina Starkov, que vive em um mundo dividido,  pela Dobra das Sombras — uma faixa de escuridão repleta de monstros que divide todo o país.

A primeira temporada da série é baseada nos dois primeiros livros de Sombra e Ossos (Sombra e Ossos e Sol e Tormenta) o melhor é que, não é preciso você ter lido as publicações antes de começar a assistir a trama, para entender o que está acontecendo, ainda que essa seja uma história complexa e com diversas divisões de enredos paralelos, inúmeros tipos de magia, inimigos, família, golpe, traição, entre outras questões. Ainda no primeiro episódio já conseguimos descobrir o que está para acontecer com a protagonista Alina Starkov (Jessie Mei Li), ela que descobre por acidente o fato de ser uma Grisha (Pessoa que tem um poder especial). 

Sendo uma fantasia, e uma produção de grande porte, é ótimo ver o tamanho da  representatividade no elenco e nos personagens. A série aproveita muito bem da diversidade composta na trama e dos personagens criados por Bardugo para ter pessoas de diversas etnias, fator que também é falado na história, quando mostra Alina sofrendo alguns preconceitos por ser de uma etnia diferente e também explora o medo que as pessoas sentem dos Grishas por serem diferentes do resto da população.

Ao longo dos 8 episódios, a série não só nos apresenta a quem é Alina e o motivo de o seu poder ser tão importante e porque todos a querem controlar, mas também desenvolve o restante dos personagens com cuidado, já que existem muitas histórias paralelas e para que nenhuma delas sejam confundidas.

PERSONAGENS


O foco da série é Alina, tal como na trilogia Grisha que ela protagoniza. Apesar disso, a versão da Netflix traz também os protagonistas de outra obra de Bardugo. Embora nem todos os seis estejam presentes, a trama apresenta a cidade de Ketterdam ao público, introduzindo assim Kaz Brekker (Freddie Carter), Jesper Fahey (Kit Young) e Inej Ghafa (Amita Suman). 

Também outro núcleo é apresentado tendo como foco Nina Zenik (Danielle Galligan) e Matthias Helvar (Calahan Skogman). Enquanto estes últimos vivem a história já conhecida pelos leitores, o trio de Ketterdam recebeu uma trama inteiramente original, trazendo novidades para quem já leu todos os livros e conhecem bem a história.

Como de praxe, outros personagens próximos da protagonista também recebem suas próprias tramas, são eles: Malyen Oretsev (Archie Renaux), um rastreador que faz parte do Primeiro Exército de Ravka e amigo de infância de Alina e o General Kirigan (Ben Barnes), que possui um poder tão único quanto o da personagem principal, podendo conjurar sombras.


Archie Renaux apresenta perfeitamente Mal, fazendo um ótimo trabalho ao interpretar um personagem que sempre foi o melhor amigo da protagonista, mas não percebe o quanto a ama até ser (quase) tarde demais. Ainda assim, o maior destaque do trio principal vai para outro ator.


O veterano Ben Barnes rouba a cena com sua imponência interpretando o General Kirigan. O ator se destaca ao conduzir na trama sua própria história de forma misteriosa até os últimos episódios, deixando transparecer aos poucos o mistério que o envolve. Barnes também demonstra não ter muita dificuldades de  apresentar um personagem bem carismático e a vulnerabilidade do mesmo de estar disposto a fazer coisas terríveis, para ajeitar o que considera estar errado.

Mas quem realmente rouba os holofotes é o trio de Ketterdam! Chamados de a equipe dos Corvos, eles são mercenários liderados por Kaz (Freddy Carter), é ele quem convoca o pistoleiro Jesper (Kit Young) e a espiã Inej (Amita Suman) para uma missão que os deixará ricos: capturar Alina.


Kit Young está fantástico no papel do carismático atirador e apostador cheio de lábia. Freddie Carter é bem sucedido em manter a seriedade de um personagem estoico e que meio que comanda de várias maneiras alguns outros personagens. Ainda assim, é Amita Suman que se destaca sempre que aparece, representando de forma impecável uma talentosa e furtiva jovem que, apesar de fazer parte da gangue, se mantém firme em sua moral e crenças.

Ao mesmo tempo, que conhecemos melhor a história dos corvos e do trio principal, nos é mostrada a história da espiã Nina (Danielle Galligan) e do caçador de bruxas Matthias (Calahan Skogman), que à princípio não fazem conexão com a trama original,   além de protagonizar, em vários minutos da série, uma troca que parece ser extremamente desnecessária e forçada.

MAGIAS e EFEITOS VISUAIS


Em relação às magias, que na série são chamadas de Pequenas Ciências, a apresentação desses poderes são extremamente bem trabalhadas, não só pelas explicações dadas por quem as tem, mas também pela forma física criada pelos efeitos especiais. 

Somos apresentados aos Grisha, pessoas com habilidades especiais diversas. Diferentes Grishas tem poderes de manipularem um elemento, sendo os Conjuradores aqueles que controlam: o ar, o fogo, a água, a escuridão e o sol. Outros têm domínio sobre o corpo humano, podendo ser Curandeiros ou Sangradores, ou seja, utilizando seus poderes para cura ou combate, eles são capazes de controlar seus batimentos cardíacos e o oxigênio dos pulmões, entre outras funções.  Por fim, há os Fabricadores, pessoas com a capacidade de manipular materiais, sendo talentosos com químicos e podendo modificar objetos a nível molecular.

A DOBRA



Nossa outra protagonista nos é apresentada ainda no início: a Dobra. Em vez de uma muralha, Sombra e Ossos se apega à criação da Dobra para dividir todo um país. A dobra é uma região que foi infestada de escuridão e que se tornou extremamente perigosa de entrar, pois se tornou o lar de criaturas monstruosas. O grande objetivo de todos, principalmente de Alina e Mal, é acabar com essa Dobra; mas é ela que acaba se tornando o cenário para, a maior reviravolta da temporada, quando descobrimos quem a criou e quem parecia ser amigável, na verdade, é o grande vilão da história.

A verdade é que Sombra e Ossos é um boa adaptação para se assistir, mas apesar de todo o carisma e das ótimas atuações no elenco, a série ainda sofre com um roteiro fraco em diversos pontos, principalmente quando falamos sobre Alina. Em pleno 2021 temos uma protagonista, que apesar de crescer cercada de dificuldades e tendo que estar sempre dois passos à frente de tudo, consegue ser facilmente enganada, acreditando em coisas que qualquer personagem da trama consegue perceber que é uma mentira descabida. Espero que na segunda temporada melhorem, principalmente, esse ponto da história.



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