Séries Originais Netflix com protagonismo feminino para maratonar

By Renato Almeida - 1/11/2021 07:30:00 AM

Anne With An E,  Grace And Frank e O mundo sombrio de Sabrina.

Ao que parece, os meios midiáticos vem passando por uma transformação - estão dando espaço para a representatividade das minorias. Seja por medo de perder o público, ou não, é visível essa mudança. Assim como, é perceptível o quanto um personagem e conteúdo popular, de forma geral, representa e viabiliza determinada parte da sociedade. 

Nesse texto, em especial, separamos três séries Originais Netflix com protagonismo feminino, onde há personagens que são verdadeiras inspirações para as mulheres: Uma criança cheia de sonhos e determinação, apesar de todo o sofrimento que passou; uma adolescente que não se deixa levar pelas imposições machistas da vida humana e bruxa; e duas idosas que tem muito a dizer, embora muitos acreditem que pessoas mais velhas apenas aguardam o fim da vida.


Anne With An E



Baseada no livro Anne Of Green Gables, lançado em 1908, da escritora canadense L.M. Montgomery, a série Anne With An E (2017), dirigida por Moira Walley-Beckett, conta a história de Anne Shirley (Amybeth McNulty), uma garota órfã, e dos irmãos Marilla (Geraldine James) e Matthew Cuthbert (R.H. Thomson). 

O drama se passa na província da Ilha do Príncipe Eduardo, no Canadá, no século XX. O cenário, situado na terra natal da autora, é um local bastante rural e com paisagens deslumbrantes para os admiradores da natureza. A história tem início com um equívoco, pois Anne é enviada para a casa dos irmãos Cuthbert, quando os mesmos gostariam de receber um garoto para contribuir com os afazeres da fazenda. 

Anne é uma personagem bastante sonhadora, ainda que, traga consigo um passado de sofrimento. A felicidade da garota em ter um novo lar é rapidamente cessada, ao tomar nota do erro cometido pelo orfanato. Porém, aos poucos, a relação entre ela, Marilla e Matthew vão se estreitando, tendo em vista que ela possui uma forma peculiar e encantadora de enxergar a vida. A protagonista não ignora os problemas presente ao seu redor - pelo contrário, busca solucioná-los da melhor forma. Ela tem curiosidade e questiona, quando acha necessário. Mas a garota também busca captar o que há de mais bonito no mundo e quando não consegue, cria um mundo só seu em sua mente. 

Ao todo, as histórias destes moradores das proximidades da Ilha do Príncipe Eduardo, possuem um viés dramático muito bem orquestrado. A série é uma excelente dica para quem gosta de literatura, afinal, Anne não só lê, como escreve bastante, e em muitos momentos cita o prazer e benefícios presentes em tais atividades. E é também uma boa pedida para os que gostam de conteúdos com críticas sociais, como racismo, feminismo, escravidão, etc. Anne With An E, é uma história sobre encarar e superar problemas, e para isso Anne e demais personagens nos prova que a chave é o amor, a imaginação e a empatia. 


O mundo sombrio de Sabrina




Baseada em HQS de mesmo título, O mundo sombrio de Sabrina (2018), mescla drama juvenil, suspense e terror de uma forma muito bem estruturada. Sabrina (Kiernan Shipka), é uma adolescente de 16 anos que se ver obrigada a escolher entre continuar sendo uma mortal ou torna-se uma bruxa. Afinal de contas, a adolescente criada pelas tias, é primogênita de um bruxo e uma humana, o que a torna uma meia mortal. 

Sabrina Spellman surpreende muitos personagens masculinos, ao não só questionar, mas se posicionar inúmeras vezes contra as imposições patriarcais diárias que sofre - há uma expectativa dos personagens de um posicionamento mais passivo da jovem, assemelhando-se ao que eles acreditam ser o “comportamento correto” de uma mulher, algo corriqueiro, infelizmente, no mundo real. Em relação a isso, outras personagens também ganham destaques, como as tias Zelda (Miranda Otto) e Hilda Spellman (Lucy Davis), ambas bruxas, que criaram a sobrinha quando os pais dela morreram. Zelda e Hilda, até então costumavam seguir a risca as regras impostas pelo sumo sacerdote, homem leal e representante de satanás, contudo se veem abrindo mão de algumas obrigações, ou simplesmente debatendo-as, com a iniciação da sobrinha a este mundo. 

Sabrina, por sua vez, precisa não só optar, mas vivenciar ambos os mundos, isto é, o mundo real, onde lida com seus amigos, namorados, colégio etc, e o mundo sombrio, que está prestes a conhecer. Como todo adolescente, a protagonista tem seus momentos de fraquezas, no seu caso, tanto no mundo humano, quanto no mundo das trevas, entretanto sempre recorre a ação. 

Sabrina não se deixa abater facilmente e faz isso com diálogos pensados e ácidos, ou com ações, muitas vezes impensadas em prol de quem ama, mas que só elevam ainda mais seu posicionamento inteligente e corajoso. O mundo sombrio de Sabrina é uma série sombria, como o próprio título anuncia, e apesar de todos os elementos sobrenaturais, é visível as inúmeras críticas, sejam elas ligadas ao movimento feminista, a cultura patriarcal, a ambição, os medos e as dores. Sabrina é uma personagem forte, porém real, o que a aproxima facilmente do público feminino juvenil. 


Grace And Frankie 



Grace And Frankie (2015), conta a história das personagens que dão título a série. Grace, interpretada por Jane Fonda, e Frankie (Lily Tomlin), são duas mulheres na casa dos 70 e poucos anos, que lidam com um evento bastante inusitado: os seus maridos, que trabalharam como sócios durante anos, assumem que são gays e que estão tendo um caso. 

Embora Sol (Sam Waterston) e Robert (Martin Sheen) expliquem cuidadosamente o motivo de terem guardado segredo durante vários anos sobre sua sexualidade, as mulheres ficam sem chão. Além disso, essa passagem é um excelente gancho para o levantamento de inúmeras questões, como por exemplo, preconceito, masculinidade frágil e medo de assumir a sexualidade.

Tanto Grace como Frankie embora tenham suas personalidades divergentes, encontram uma na outra apoio para lidar com tudo isso. As protagonistas são reais, elas choram, gritam, esperneiam, ouvem, superam, perdoam, recaem, e tentam seguir em frente. Elas, assim como qualquer mero humano, tentam ficar bem. 

De forma geral, Grace And Frankie é sobre encarar a velhice com bom humor e leveza. Mas também é ir além, ao provar a si mesmo e demais pessoas que embora haja algumas limitações, devido a idade, ser idoso é estar vivo e por isso é sempre hora de encarar uma nova aventura - o que inclui errar, acertar e tantas outras ações presentes na vida humana. Grace e Frankie são exemplos de mulheres fortes e reais, personagens que mesmo com medo encaram a vida, quebrando antigo estereótipos, entre eles, vida sexual na terceira idade, formas de ver e agir diante da vida.

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