Jojo Moyes fala ao blog sobre seu
processo criativo, o que a inspira a escrever e porque decidiu escrever uma
sequência para Como Eu Era Antes de Você.
Se Jojo Moyes não chorar enquanto
escreve um livro, é sinal de que não está fazendo um bom trabalho. Autora do
best-seller Como eu era antes de você, a escritora inglesa é especialista em
criar histórias centradas em mulheres fortes que enfrentam situações-limite.
Pode ser a perspectiva da morte
do homem que ama (em Como eu era antes de você), a ameaça de soldados inimigos
durante uma guerra (em A garota que você deixou para trás) ou a dificuldade de
criar dois filhos sozinha e sem dinheiro (em Um mais um). As heroínas de Moyes
passam por todo tipo de obstáculo e muitas vezes sentem suas forças se
esgotarem, vivendo momentos de grande sobrecarga emocional.
Confira abaixo a entrevista
exclusiva que ela concedeu ao blog:
“Eu sempre choro enquanto escrevo
uma cena emocionante. Se eu não chorar, sei que a história não está
funcionando. Depois de escrever me sinto menos afetada pelos problemas dos
personagens, mas apenas quando a história está fluindo bem. Se não estiver,
posso ficar muito mal-humorada”, explica Moyes.
A julgar pelo sucesso de seus
últimos livros, a escritora passa por um longo período de bom humor. Com 12
obras publicadas, mais de nove milhões de cópias vendidas pelo mundo e ao menos
dois romances sendo adaptados para o cinema, é difícil acreditar que Jojo Moyes
quase desistiu da carreira de escritora.
Formada em jornalismo, ela
trabalhou na imprensa britânica durante dez anos antes de se dedicar
integralmente à literatura, em 2002. O sucesso só veio em seu oitavo livro,
Como eu era antes de você, que conta a história de Louisa, uma garota que não
sabe bem o que quer da vida e acaba se tornando cuidadora de Will, jovem
empresário que, após ficar tetraplégico em um acidente, não vê mais razões para
viver.
Centrado no difícil tema da
eutanásia, o livro vendeu mais de três milhões de cópias e emocionou pessoas em
todo o mundo. É comum encontrar em fóruns de leitores na internet depoimentos
de pessoas contando como choraram durante quase toda leitura ou como sofreram
com as dificuldades enfrentadas por Will e Louisa.
Nem mesmo os críticos saíram
incólumes das cenas mais emocionantes da história, como atesta a jornalista
Liesl Schillinger, que escreveu uma resenha do romance para o jornal The New
York Times. “Quando terminei de ler, não queria escrever a crítica; queria
reler o livro. O que pode parecer perverso, se você considerar que na maior
parte das últimas cem páginas eu estava me desfazendo em lágrimas”, escreveu
Schillinger.
A história de Louisa e Will será
levada para o cinema em 2016. O filme tem direção da britânica Thea Sharrock e
terá como protagonistas Emilia Clarke, uma das estrelas de Game of Thrones, e
Sam Claflin, de Jogos Vorazes.
Responsável pelo roteiro do
filme, Moyes conta que escrevê-lo foi um processo difícil, mas que ela amou. “É
uma arte muito diferente — você tem que aprender a pensar de outra forma e
realmente levar em conta o que o público está vendo a cada momento. Tive sorte
porque Thea Sharrock e o estúdio, MGM, viram a história essencialmente do jeito
que a vejo, então não tivemos nenhuma dessas brigas espetaculares que acontecem
na indústria do cinema.”
Além da adaptação
cinematográfica, Como eu era antes de você ganhou uma sequência, Depois de
você, que será lançada pela Intrínseca em fevereiro. Moyes tomou a decisão de
continuar a história por conta da reação dos leitores ao primeiro livro.
“Desde o dia em que Como eu era
antes de você foi publicado as pessoas me mandam e-mails e mensagens nas redes
sociais para falar sobre os personagens, especialmente sobre Lou, me
perguntando o que ela fez após o fim da história. Essas questões e o trabalho
no roteiro do filme fizeram com que ela nunca saísse da minha cabeça como
outros personagens saem, e me vi fazendo a mesma pergunta: o que ela teria
feito em seguida? Louisa passou por algo grandioso, e deixei o final em aberto.
Um dia acordei com uma ideia e então soube que tinha que escrever a
continuação”, diz Moyes.
Louisa pode ser a personagem que
passou mais tempo na cabeça de Moyes, mas, segundo sua melhor amiga, a
escritora se parece mais com Jess, protagonista de Um mais um. Talvez por ser
tão batalhadora quanto a personagem, que mesmo sem dinheiro faz de tudo para
dar uma vida melhor para seus dois filhos, ou por ser uma otimista
incorrigível, que sempre acredita que as coisas ficarão bem.
Moyes, no entanto, vê um pouco de
si em cada personagem que cria. “Você só pode escrever sobre um personagem se
for capaz de realmente se colocar no lugar dele”, declara, acrescentando que se
considera tão desastrada quanto Louisa. “Estou sempre caindo e dizendo as
coisas erradas.”
A história de Jess e seus filhos,
Tanzie e Nick, e sua jornada rumo à Escócia acompanhados do atormentado Ed,
retratadas em Um mais um, também será levada aos cinemas. O elenco e a data de
estreia do filme ainda não estão definidos, mas o roteiro foi escrito pela
própria Moyes.
Ela conta que normalmente demora
entre um e dois anos para escrever um livro e não segue uma rotina fixa de
trabalho. “Eu costumava acordar às seis da manhã para escrever antes que as
crianças levantassem para ir à escola, mas agora elas também despertam mais
cedo. Por causa disso não tenho mais uma rotina — escrevo toda vez que posso,
e, quando entro em pânico por sentir que estou com o trabalho atrasado, viajo
por alguns dias para outro lugar de modo a me dedicar totalmente à escrita, sem
distrações. Costumo fazer isso três ou quatro vezes por ano. Felizmente minha
família não se importa — deve ser melhor do que ter uma escritora rabugenta em
casa!”, brinca ela.
Entre suas inspirações
literárias, Moyes cita Liane Moriarty, autora de O segredo do meu marido e
Pequenas grandes mentiras, Marian Keyes, Nora Ephron e George R.R. Martin,
criador da saga que inspirou a série Game of Thrones.
Atualmente a escritora trabalha
em outro roteiro, mas tem dedicado a maior parte do tempo ao marido e aos três
filhos. “Os últimos três anos foram bastante caóticos, por isso prometi a eles
que em 2016 iria diminuir um pouco o ritmo”, conta Moyes, que mora com a
família em uma fazenda em Essex, na Inglaterra.
Quanto às próximas histórias e
heroínas, a escritora faz mistério. “Não posso contar nada sobre o próximo
livro. Não contaria nem se pudesse — sou supersticiosa!”
*Entrevista
retirada do blog da Intrínseca e realizada pela jornalista Vanessa Corrêa
0 comentários