Crítica| Vidas à Deriva com Shailene Woodley e Sam Claflin encanta em sua homenagem a história real

By Helen Martins - 7/09/2018 09:00:00 AM

Acontecendo no ano de 1983, “Vidas à Deriva” está trazendo para o cinema uma história com algumas características diferentes (mas não inovadoras), daquelas que encontramos em filmes envolvendo náufragos. A história tem como foco Tami, que acaba perdida no mar depois de uma tempestade ter abatido, mas não quebrado, o veleiro em que ela está junto com o namorado. Mas além disso o filme também é uma história de amor (sem ser clichê), empoderamento feminino, sobre fé e relacionamentos.
Tami é interpretada pela atriz Shailene Woodley (A Culpa é Das Estrelas), uma jovem mulher saída de San Diego, que está fugindo de uma família que soa menos do que ideal, tratando de relaxar e curtir sua vida de férias, procurando por um trabalho que lhe leve ao próximo lugar. No Taiti, ela consegue um emprego consertando barcos, e é nas docas que ela conhece Richard Sharp. Woodley é quem realmente dá à “Vidas à Deriva” a maior parte da força para mover o filme. Ela está em quase todas as cenas, deste filme baseado em uma história real. Ela dá a esse papel tudo o que tem interpretando uma mulher de espírito livre que se apaixona pelo companheiro Richard, mas é principalmente nos momentos mais dramáticos, que é impossível não sentir o desespero e medo que ela passa interpretando Tami. A atriz levou-se realmente ao limite, e vai de traumatizada a triunfante, superando sem dúvidas os trabalhos feitos por ela anteriormente.
O ator Sam Claflin dá vida a Richard Sharp, um marinheiro aventureiro em seus 30 anos, elegante, britânico, sexy e uma alma gentil, para não mencionar altamente modesto e auto-depreciativo. Ele parece quase bom demais para ser verdade, mas o problema não é que ele tenha um lado obscuro escondido, é que ele é realmente interessante. Claflin, mais conhecido por seus papéis nos filmes “Jogos Vorazes” e “Como Eu Era Antes de Você”, dominou completamente a arte de ser cavalheiro, e interpreta muito bem o seu personagem, mas sua força é menor no drama e mais intensa nas cenas românticas onde seu carisma se sobressai.
Claflin e Woodley fazem disso uma obra fascinante, aproximando-se um do outro com bastante calor e movimentos desajeitados de dança para mostrar que o romance não sai de moda. Esses dois te convencem de que eles pertencem juntos porque eles nunca parecem estar se esforçando para isso acontecer. Sua união está toda ligada ao mar, com um desejo mútuo de provar a vida sem os limites. Richard então pede a Tami para navegar ao redor do mundo com ele, e assim que ela está se preparando para dizer sim, ele recebe uma oferta tentadora: velhos amigos o perguntam se ele vai voltar para a Califórnia por $10.000. É uma viagem de 4.000 milhas, e é uma daquelas coincidências que o destino é San Diego, a cidade natal que Tami está fazendo tudo para evitar. Como ele ou ela poderia dizer não?
O barco é na realidade um veleiro de luxo, com tudo o que eles precisam, até a tempestade chegar. E, como o destino os quisesse testar, um furacão de categoria quatro, e deixe-me dizer que Baltasar Kormákur, o diretor islandês de “Vidas À Deriva”, não decepciona e dá ao público realmente uma grande tempestade, os atingem. Observando as turbulentas ondas escuras, percebesse que como quase todas as tempestades desse nível no mar envolvendo um barco parecia eles não iam a lugar nenhum. E no meio da maior tempestade que já atingiu o oceano pacífico, balançando para cima e para baixo pelas ondas, o veleiro continua se movendo, rápido, aproximando-se de cada parede preta violenta de água, como navegando diretamente para o que se parece um tsunami, e acreditem, o efeito na tela é aterrorizante. O terror em alto mar parece até pior quando chega nesse ponto, porque a essa altura, já crescemos para realmente amar Tami e Richard. Seu namoro na Polinésia Francesa não é um filme revolucionário, mas é doce e sincero, e acaba nos envolvendo.
O roteiro é repleto de idas e vindas. O filme começa com Tami acordando no veleiro, que ela e Richard foram contratados para navegar do Taiti para a Califórnia e que foi atingido pela tempestade, quase que completamente destruído e flutuando em algum lugar no Pacífico. Ela está viva, mas Richard não está em lugar nenhum, porém logo ele aparece, com as costelas quebradas e um corte desagradável na perna, então Tami é a única a fazer todo o trabalho duro, porém os dois sobreviventes reúnem forças, e criam estratégias para sobreviverem, já que a nova ideia é guiar o barco quase desmoronando para o Havaí. A trama entrelaçada é bastante inteligente, pois com os fatos da história sendo espelhados no estilo rápido de Kormákur, aprendemos como nossos dois náufragos acabaram em tal situação, bem a tempo de um outro clímax dramático, mais uma surpresa, e uma reviravolta que leva o filme adiante. Os espectadores ao assistirem o filme sentirão, no final, mais satisfeitos do que não.
Vale lembrar que quando a maior parte do seu filme é ambientada em um barco muito pequeno, você precisa ser criativo, e as câmeras estão mergulhando constantemente ou enquadrando Woodley e Claflin de maneiras peculiares. A sequência da tempestade é aterrorizante (sempre é bom ressaltar o fator terror nesse caso), e piora depois quando há os momentos de grande perigo, em que os cortes horripilantes iniciais são revelados e o público prende a respiração como um só, vendo em detalhes tudo que aconteceu durante o desastre.
O filme funciona muito bem mostrando o uso da inteligência ao se confrontarem com seu próximo obstáculo antes que seja tarde demais, seja um leme preso na vela ou na falta de água potável. Vidas à Deriva pode não ter a premissa existencial que tantos outros filmes do gênero trouxeram, porém mais do que compensa com a emoção entre os protagonistas.
Com direção de Baltasar Kormákur, e protagonizado pelos atores Shailene Woodley e Sam Claflin, Vidas à Deriva chega aos cinemas brasileiros no dia 09 de agosto.

Classificação: ★ (Bom )

Imagens:Copyright TOBIS Film GmbHm,Copyright Metropolitan FilmExport

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