Liberado um trecho de, "A Química", novo livro de Stephenie Meyer
By Helen Martins - 11/10/2016 10:05:00 PM
A autora Stephenie Meyer está de volta ao mundo
editorial e seu novo livro ganhou data de lançamento no Brasil!
Meyer, que ficou conhecida mundialmente após
publicar a saga Crepúsculo, prepara um novo livro para novembro e este será seu
primeiro thriller. A Intrínseca confirmou que o livro será lançado em 15 de
novembro no Brasil e já divulgou a capa, a sinopse, agora também foi liberado um trecho do que
vamos encontrar no livro.
“A Química” foi descrito pela autora como o
resultado da união de seu lado romântico com sua paixão por Jason Bourne, e
Meyer disse ter amado o tempo que passou criando uma heroína diferente, que
terá como principal arma não uma arma ou músculos, mas seu cérebro.
Leia abaixo a sinopse e o trecho divulgado
Sinopse:
Uma ex-agente especial fugindo de seus antigos empregadores precisa aceitar um novo caso para limpar seu nome e salvar a própria vida.
Ela trabalhava para o governo americano, mas poucas pessoas sabiam disso. Especialista em seu campo de atuação, era um dos segredos mais bem guardados de uma agência tão clandestina que nem sequer tinha nome. E quando perceberam que ela poderia ser um problema, passam a persegui-la. A única pessoa em quem ela confiava foi assassinada. Ela sabe demais, e eles a querem morta. Agora ela raramente fica em um mesmo lugar ou usa o mesmo nome por muito tempo.
Até que um antigo mentor lhe oferece uma saída — uma oportunidade de deixar de ser o alvo da vez. Será preciso aceitar um último trabalho, e a única informação que ela recebe a esse respeito só torna sua situação ainda mais perigosa. Ela decide enfrentar a ameaça e se prepara para a pior batalha de sua vida, mas uma paixão inesperada parece diminuir ainda mais suas chances de sobreviver. Enquanto vê suas escolhas se evaporarem rapidamente, ela vai usar seus talentos como nunca imaginou.
Uma trama repleta de tensão, na qual Meyer cria uma heroína poderosa e fascinante, com habilidades diferentes de todas as outras, e prova mais uma vez por que seus livros estão entre os mais vendidos do mundo.
Leia o Trecho:
“Do outro lado da rua ficava o restaurante onde
Carston costumava almoçar. Não era o local de encontro que ela havia sugerido.
Ela também estava cinco dias adiantada.
Aproximou-se por trás, tomando o mesmo caminho que
ele percorrera alguns minutos antes. A comida havia chegado — sanduíche de
frango à parmegiana —, e ele parecia completamente concentrado em degustá-la.
Mas ela sabia que Carston era melhor do que ela em aparentar algo que não era.
Sem alarde, ela se deixou cair na cadeira do outro
lado da mesa. A boca de Carston estava cheia quando ele levantou o olhar.
Ela sabia que Carston era um bom ator e presumiu
que ele encobriria sua verdadeira reação e exibiria a emoção que quisesse antes
que ela pudesse capturar a primeira. Como ele não demonstrou nenhuma surpresa,
ela chegou à conclusão de que fora apanhado totalmente desprevenido. Se ele
estivesse esperando por ela, teria agido como se aquela aparição súbita o
tivesse chocado. Mas o olhar firme do outro lado da mesa, os olhos que não se
arregalaram, o mastigar metódico — isso era Carston controlando sua surpresa.
Ela tinha quase oitenta por cento de certeza.
Ela não disse nada. Apenas retribuiu o olhar
inexpressivo enquanto ele terminava de mastigar o naco do sanduíche.
— Imagino que teria sido fácil demais se
simplesmente nos encontrássemos conforme o planejado — disse ele.
— Fácil demais para o seu atirador, sem dúvida. —
Ela proferiu as palavras de modo suave, usando o mesmo tom de voz que ele.
Qualquer pessoa que ouvisse a conversa por acaso pensaria que se tratava de uma
piada. Mas, nas duas outras mesas ocupadas, todos conversavam e riam alto, e os
pedestres que passavam nas calçadas tinham os ouvidos tapados por fones de
ouvido ou telefones. Ninguém se importava com o que ela estava falando, exceto Carston.
— Isso nunca veio de mim, Juliana. Você deve saber
disso.
Foi a vez dela de não demonstrar surpresa. Fazia
tanto tempo desde que alguém se dirigira a ela por seu nome verdadeiro que ele
passara a soar como o nome de uma estranha. Após o choque inicial, uma suave
onda de prazer emergiu. Era bom que o nome dela soasse estranho aos seus
ouvidos — significava que ela estava agindo corretamente.
Os olhos de Carston piscaram ao ver a evidente
peruca. Na verdade, era bem parecida com o cabelo verdadeiro dela, mas agora
ele suspeitava que ela estivesse escondendo algo bem diferente. Em seguida, ele
se forçou a voltar a olhá-la nos olhos. Esperou por uma resposta durante mais
um instante. Diante do silêncio dela, porém, continuou a falar, escolhendo as
palavras com cautela.
— Os, ahn, grupos que decidiram que você deveria…
se aposentar acabaram… caindo em desgraça. Nunca foi uma decisão popular, para
começo de conversa, e agora aqueles de nós que sempre discordaram deles, como
eu, não são mais comandados por aqueles grupos. — Podia ser verdade. Era
provável que não fosse. Ele respondeu ao ceticismo estampado nos olhos dela: —
Você passou por alguma… perturbação desagradável nos últimos nove meses?
— E aqui estava eu pensando que tinha ficado melhor
do que você nessa brincadeira de esconde-esconde.
— Acabou, Julie. O poder foi sobrepujado pela
justiça.
— Adoro um final feliz.
Sarcasmo puro.
Ele piscou, magoado pelo sarcasmo. Ou fingindo
estar magoado.
— Não tão feliz assim — falou, lentamente. — Um
final feliz significaria que eu não teria entrado em contato com você. Você
teria sido deixada em paz pelo resto da vida. E teria sido uma longa vida, pelo
menos no que estivesse ao nosso alcance.
Ela assentiu, como se acreditasse. No passado,
sempre presumira que Carston era exatamente o que aparentava. Ele havia sido o
rosto dos mocinhos por muito tempo. Agora, tentar decifrar o que cada palavra
significava de fato chegava a ser uma diversão esquisita, como um jogo.
Exceto pelo fato de que havia aquela vozinha que
perguntava: E se não for um jogo? E se agora for verdade… se eu puder me
libertar?
— Você era a melhor, Juliana.
— O Dr. Barnaby era o melhor.
— Sei que você não vai querer ouvir isso, mas ele
nunca teve o seu talento.
— Obrigada. — Ele ergueu as sobrancelhas. — Não
pelo elogio. Obrigada por não tentar me dizer que a morte dele foi um acidente
— explicou ela, tudo isso ainda em um tom descontraído.
— Foi uma decisão errada motivada pela paranoia e
pela deslealdade. Uma pessoa capaz de se livrar do próprio parceiro por
interesse sempre acha que o parceiro planeja o mesmo. Gente desonesta não
acredita que exista gente honesta.
Ela manteve o rosto impassível como pedra enquanto
ele falava.
Nos três anos de fuga constante, ela nunca
repassara um único segredo de que tivesse conhecimento. Nem uma única vez dera
a quem estivesse atrás dela qualquer motivo para considerá-la uma traidora.
Mesmo quando tentaram matá-la, ela permaneceu leal. E isso não tinha sido
levado em conta pelo seu departamento, de jeito nenhum.
Não havia muita coisa que eles levassem em conta.
Ela divagou por um instante recordando como tinha chegado perto daquilo que
procurava, o ponto que ela poderia ter atingido em sua linha de pesquisa e
criação mais premente se não tivesse sido interrompida. Aparentemente, aquele
projeto também não tinha sido levado em conta.
— Mas quem se deu mal foram eles, aqueles traidores
— continuou Carston. — Porque nunca encontramos ninguém tão bom quanto você.
Que inferno, nunca encontramos ninguém com a metade do talento do Barnaby. Fico
impressionado com a capacidade que as pessoas têm de esquecer o fato de que
talento genuíno é um bem limitado.
Ele fez uma pausa, claramente na expectativa de que
ela falasse, pedisse algo, traísse algum sinal de interesse. Ela apenas o
encarou educadamente, da maneira como alguém olharia para um estranho passando
suas compras em uma caixa registradora.
Ele soltou um suspiro e depois se inclinou, com uma
súbita intensidade.
— Temos um problema. Precisamos do tipo de resposta
que só você pode nos dar. Não temos mais ninguém que possa fazer esse trabalho.
E nós não podemos arruinar esse trabalho.
— Vocês, não nós — disse ela.
— Sei que você não é assim, Juliana. Você se
importa com pessoas inocentes.
— Eu me importava. Pode-se dizer que essa parte de
mim foi assassinada.
Carston se retraiu de novo.
— Juliana, sinto muito. Sempre senti muito por tudo
isso. Tentei detê-los. Fiquei muito aliviado quando você escorregou por entre
os dedos deles. Toda vez que você escorregou por entre os dedos deles.
Ela não pôde deixar de ficar impressionada com o
fato de ele admitir tudo. Sem negações, sem desculpas. Nada do tipo Foi apenas
um acidente infeliz no laboratório, como ela esperava. Nada de Não fomos nós;
foram os inimigos do governo. Nenhuma história, apenas reconhecimento.
E agora todo mundo sente muito. — A voz dele
baixou, e ela teve que se esforçar para entender as palavras. — Porque não
temos você, Juliana, e pessoas vão morrer. Milhares de pessoas. Centenas de
milhares.
Dessa vez ele esperou enquanto ela refletia.
Ela também falou baixo, mas se assegurou de não
transparecer interesse ou emoção na voz.
— Estamos falando do pior, não é?
Um suspiro.
Nada estimulava tanto o departamento quanto o
terrorismo. Ela tinha sido recrutada antes que a poeira emocional baixasse
completamente em torno do buraco onde as Torres Gêmeas ficavam. A prevenção ao
terrorismo sempre tinha sido o principal componente do trabalho dela, a melhor
justificativa para ele. A ameaça do terrorismo também fora manipulada, transformada
e distorcida, até que, no final, ela havia perdido grande parte da crença na
ideia de que estava de fato cumprindo o papel de uma patriota.
— E um grande dispositivo — disse ela, afirmando,
não perguntando.
O maior bicho-papão era sempre este: que alguém que
odiava os Estados Unidos conseguisse pôr as mãos em alguma coisa nuclear. Essa
era a nuvem escura que escondia a profissão dela dos olhos do mundo, que a
tornava tão indispensável, por mais que o cidadão comum preferisse pensar que
ela não existia.
E acontecera, mais de uma vez. Gente como ela havia
evitado que tais situações se transformassem em tragédias humanas de grandes
proporções. Havia um mecanismo de compensação. Horror em baixa escala contra
carnificina por atacado.
Carston balançou a cabeça, e de repente seus olhos
claros demonstraram medo. Ela não conseguiu controlar um ligeiro tremor interno
quando percebeu do que se tratava. Havia somente dois tipos de medo daquela
magnitude.
É biológico. Ela não enunciou as palavras, só mexeu
os lábios.
A expressão sombria de Carston serviu como
resposta.
Ela baixou os olhos por um instante, repassando
todas as respostas dele e reduzindo-as a duas colunas, duas listas de
possibilidades em sua cabeça. Coluna um: Carston era um mentiroso talentoso que
estava dizendo coisas que pensava que a motivariam a visitar um lugar onde as
pessoas estavam muito bem preparadas para descartar Juliana Fortis para sempre.
Ele estava dançando conforme a música, tocando nos pontos mais sensíveis de
Juliana.
Coluna dois: Alguém tinha uma arma biológica de
destruição em massa e as autoridades competentes não sabiam onde ela estaria
nem quando seria usada. Mas conheciam alguém que sabia.
A vaidade recebeu um certo peso, fazendo a balança
pender ligeiramente para um dos lados. Ela sabia que era boa. Era verdade que
eles provavelmente não tinham encontrado alguém melhor.
Ainda assim, ela apostaria na coluna um.
— Jules, não quero ver você morta — disse ele com
calma, imaginando o que passava pela cabeça dela. — Eu não teria entrado em
contato com você se quisesse. Eu não ia querer me encontrar com você. Porque
tenho certeza de que, neste exato momento, você dispõe de pelo menos seis
maneiras de me matar e de todos os pretextos do mundo para usar uma delas.
— Você realmente acha que eu viria com apenas seis?
— perguntou ela.
Ele franziu a testa nervosamente por um segundo,
depois decidiu rir.
— Exato. Não tenho desejo de matar, Jules. Estou
sendo franco.
Ele retomou a voz descontraída.
— Eu preferiria que você me chamasse de Dra.
Fortis. Acho que já passamos da fase dos apelidos.
Ele fez uma expressão magoada.
— Não estou pedindo que me perdoe. Eu devia ter
feito mais — disse ele. Ela aquiesceu, apesar de, mais uma vez, não estar
concordando com ele apenas mantendo a conversa. — Estou pedindo que você me
ajude. Não, não a mim. Ajude as pessoas inocentes que vão morrer se você não
ajudar.
— Se elas morrerem, não vai ser por culpa minha.
— Sei disso, Ju… Doutora. Será culpa minha. Mas, na
verdade, essas pessoas não vão se preocupar em apontar culpados. Estarão todas
mortas.
Ela manteve o olhar fixo nele. Não seria ela a
piscar.
A expressão dele mudou para algo mais sombrio.
— Você gostaria de ouvir o que vai acontecer com
essas pessoas?
— Não.
— Talvez seja demais até mesmo para o seu estômago.
— Duvido muito. Mas não importa. O que poderia
acontecer é secundário.
— Queria saber o que é mais importante do que
centenas de milhares de vidas.
— Isto vai parecer terrivelmente egoísta, mas, para
mim, o fato de respirar tem meio que sobrepujado qualquer outra coisa.
— Você não poderá nos ajudar se morrer — disse
Carston, objetivamente. — A lição foi aprendida. Esta não será a última vez que
vamos precisar de você. Não vamos cometer o mesmo erro de novo.
Ela detestava admitir, mas a balança estava
começando a pender ainda mais para um dos lados. O que Carston dizia fazia
sentido mesmo. Ela certamente conhecia mudanças de diretrizes. E se fosse tudo
verdade? Ela podia se fazer de fria, mas Carston a conhecia bem. Ela teria dificuldades
em permitir um desastre dessa magnitude se pensasse que havia uma chance de
fazer algo. Tinha sido assim que, no começo, eles a haviam atraído para a pior
profissão do mundo.”
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