Resenha| O Terceiro Travesseiro, de Nelson Luiz de Carvalho
By Helen Martins - 3/14/2016 08:40:00 PM
Título: O Terceiro Travesseiro
Autor:
Nelson Luiz de Carvalho
Editora:
GLS
Número
de páginas:208
Classificação: 3,5/5
Este livro busca contar a
história de Marcus, um jovem comum da classe média paulistana. Com o melhor
amigo Renato, descobre o amor e compreende que os dois precisarão encontrar o
equilíbrio entre o que sentem e o que a família e a sociedade esperam deles,
até que um terceiro personagem aparece.
Li esse livro há alguns anos e
nunca tinha feito uma resenha para ele, até que me deparei na internet com uma
certa pesquisa sobre “10 livros com a temática LGBT”, e O Terceiro Travesseiro
estava entre eles, decidi então aproveitar ler novamente o livro e escrever
tudo que achei e antes de realmente começar a resenha.
Primeiramente, essa é uma história
foi lançada em 1998 e é baseada em fatos reais. Segundo, quero dizer que minha
opinião sobre o livro mudou muito desde a primeira vez que o havia lido e que o
mesmo contém uma temática homoafetiva então se você tiver a mente fechada
sugiro que leia e descubra que o amor pode acontecer de várias formas, em
vários momentos e que não é uma caixinha pré-fabricada. Terceiro, comentários
ofensivos serão apagados. Dito isto vamos a nossa resenha.
Viver uma
vida mentirosa só para agradar aos outros é estar morto em vida, você não acha?
O livro que é um best-seller
nacional, tem uma história boa, original com elementos marcantes e que podem
tocar facilmente o leitor, mas ao meu ver foi mal formulada. Na minha primeira
leitura eu amei o livro, gostei tanto que apenas agora notei alguns dos
problemas do livro, é amigos leitores, minha opinião sobre o livro mudou
drasticamente!
A primeira coisa que o leitor tem
que entender antes de ler esse livro é que ambos os protagonistas – Marcus e
Renato - são adolescentes, ainda estão
descobrindo a vida e os prazeres sexuais que podem ter nela, e esse é um lado
que o autor explora excessivamente no livro. O relacionamento físico entre os
personagens principais é muitas vezes descrito nos mínimos detalhes – sério
gente, nada é escondido – e eles tentam MUITAS coisas.
Mãe, você
falou em cura. Eu não estou doente.
Ambos os jovens são brancos e de
família classe média, é notável a forma como o autor descreve a família de
ambos, e mais notável ainda, é a forma como ambas as famílias reagem quando
descobrem sobre o novo relacionamento entre os rapazes, algo difícil de se
acreditar, principalmente levando em conta o ano que a história acontece. Nesse
capítulo o autor poderia ter explorado muito mais as questões sociais presentes
naquela época, apontando que essa reação não é a que geralmente ocorre, eles
são na realidade o ponto fora da curva, mas isso não ocorre e é algo que
considero uma das falhas presente no livro.
Também creio que o livro teve
sérios problemas de narrativa, tudo acontece muito rápido. O relacionamento do
Marcos e do Renato apesar de já haver anteriormente uma base na amizade dos
garotos, acontece quase que instantaneamente, uma hora o Marcus acredita que o
Renato é hétero e poucas páginas depois eles já estão envolvidos
romanticamente.
Quando a personagem da beatriz
entra no livro é quando uma das maiores reviravoltas da narrativa acontece.
Achei algumas situações entre a Beatriz, que é ex-namorada do Renato, e o
Marcus forçada, quando a personagem apareceu o amor entre os dois jovens parece
ter sido um pouco apagado. Achei a beatriz meio dissimulada, certas ações que
ela fez parecem ter sempre uma segunda intenção ou ao menos é isso que a
narrativa me levou a crer. Para não abrir a boca e escrever que ela parece
querer dar o velho golpe da barriga, ela foi uma personagem que não consegui
criar carisma de forma alguma.
Fogos
incendiaram o céu e seus beijos me incendiavam a alma.
Sobre os personagens Marcus e
Renato algumas considerações que eu fiz durante a leitura é que primeiro eles são
bissexuais, segunda, o Marcus era o mais imaturo dos dois, mas na concepção
dele, ele amava o Renato, não que tenha sido mentira, afinal quem sentiu foi
ele, mas era uma amor adolescente, meio que inconsequente, que acreditava que
não importava o que fizesse o Renato estaria ali com ele o apoiando, porém ele
erra, e erra feio, e nesse momento ele nota que nem tudo pode ter perdão e que
suas vontades não vão ser aceitas facilmente ou atendidas por todos, nesse
momento o medo de perder o que ele tem com o Renato é real. Apesar de tudo o
que ele fez, o Marcus parecia que na realidade só poderia ser feliz se
estivesse junto com o Renato, não importando a situação, ou o que o Renato pudesse
vir a fazer.
Já sobre o Renato, para mim ele
foi o personagem mais constante, ele apresentou seus medos, nunca fingiu ser
algo que não era e encarou um mundo que ele não havia imaginado fazer parte
principalmente pelo Marcus. Ele aceitou mudar tanta coisa para encaixar na
situação que o Marcus criou, que eu honestamente fiquei incomodada com isso. Em
muitas partes do livro lembrei da célebre frase “Aceitamos o amor que
merecemos” e nesse livro essa frase se encaixa perfeitamente para o Renato.
O final é o ápice do livro, mas
mesmo assim me decepcionou. Você consegue ver uma mescla de sentimentos
intensos, que te faz entender que apesar de em muitas partes do livro Renato
não demonstrar seus sentimentos, eles correm mais profundo do que foi possível
perceber. Teve certas coisas que ocorreu no final que me decepcionaram como
leitora – e fã de finais felizes – quando você imagina que tudo vai dar certo
que se organizou, o mundo de Marcus e daqueles que acompanharam a sua história
muda completamente. O Terceiro travesseiro não é um livro ruim, ele é um drama
psicológico baseada na história de dois adolescentes experimentando e descobrindo-se
na vida, tocando em pontos importantes como a aceitação ou não da família de
ambos o jovem, como a sociedade e aqueles mais próximos agiram após descobrirem
o relacionamento deles, e como é viver quebrando várias regras e padrões que a
sociedade daquela época e dessa, consideram errada e até “imoral”.
Por fim, esse é um livro que
tentou há mais de 10 anos quebrar de certa forma a visão dos estereótipos e que
trabalha em sua narrativa uma cartela imensa de preconceitos, tanto para casais
homoafetivos, quanto para relacionamentos “não convencionais”. Talvez o
principal problema do livro seja apresentar muitas coisas, mas não consegui
aprofundá-las, deixando a história em certas partes rasas de informações, mas é
uma leitura mais do que recomendada.
*Confesso que chorei nas últimas
50 páginas do livro.
2 comentários
confesso que li a primeira vez em 3 horas
ResponderExcluirSuq resenha resume o que penso. Sem falar que me transparece uma obra branca, pra leitores brancos que gostam de brancos. Sem contar que o Marcus parece se sentir superior por ser, rico ( classe média, sei lá). Tudo é rápido, pouco explorado e Meh. Minha nota seria 2. Mas só pq a abordagem da bissexualidade foi uma surpresa pra mim. Esperava mais
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