Divulgado o primeiro capítulo de "Todo Seu", último livro da série Crossfire
By Helen Martins - 1/15/2016 08:17:00 PM
"Todo seu", último
livro da série Crossfire de Sylvia Day, chega às livrarias brasileiras no dia 5
de abril, e para animar ainda mais os leitores da sérieque começou com “Toda
sua”.
Vale lembrar que a sequência dos
são a seguintes: "Toda sua" "Profundamente sua" "Para
sempre sua" "Somente sua" e "Todo seu".
Leia
o primeiro capítulo
Capítulo
1
Nova York era a cidade que nunca dormia; nem sentia sono. Meu apartamento no Upper West Side tinha o proteção antirruído, como era de se esperar em uma propriedade de milhões de dólares, mas ainda assim, os sons da cidade entravam – o correr rítmico dos pneus nas rua desgastadas, os protestos dos freios e o buzinar sem fim dos táxis.
Quando saí do café da esquina da Broadway sempre cheia, a movimentação da cidade tomou conta de mim. Como eu tinha conseguido viver até aquele momento sem a cacofonia de Manhattan?
Como eu tinha conseguido viver sem ele?
Gideon Cross.
Segurei seu rosto com as mãos, senti quando ele se acomodou em meu toque. Essa demonstração de vulnerabilidade e de afeto me tocou. Horas antes, eu tinha pensado que ele nunca mudaria, que eu teria que me dedicar demais para dividir a vida com ele. Mas naquele momento, eu estava diante da coragem dele e duvidando da minha.
Será que eu tinha exigido mais dele do que de mim mesma? Eu me senti envergonhada diante da possibilidade de tê-lo motivado a progredir enquanto eu havia permanecido a mesma, obstinada.
Ele estava de frente para mim, alto e forte. De calça jeans e camiseta, com um boné cobrindo os olhos, não era possível reconhecê-lo como o magnata que o mundo acreditava conhecer, mas ainda assim, afetava a todos por quem passava. Pelo canto do olho, percebi diversas pessoas ao nosso redor olhando mais de uma vez para ele.
A força do corpo musculoso e esguio de Gideon era inconfundível, não importava se estivesse vestido de modo casual ou com um terno e colete feitos sob medida, combinação que lhe caía muito bem. O modo com que caminhava, a autoridade que exercia com controle impecável, fazia com que fosse impossível que ele ficasse em segundo plano.
Nova York engolia tudo que entrava nela, mas Gideon tinha o controle da cidade.
E ele era meu. Mesmo com minha aliança no dedo dele, eu ainda sentia dificuldade para acreditar nisso, às vezes.
Ele nunca seria um homem qualquer. Ferocidade com elegância, perfeição com toques falhos. Ele é o nexo do meu mundo, o nexo do mundo.
Mas, apesar disso, ele havia acabado de provar que se submeteria e iria ao limite para estar comigo. O que me dava uma determinação renovada de provar que eu valia a dor que o forcei a enfrentar.
Ao nosso redor, o comércio pela Broadway estava sendo reaberto. O fluxo do tráfego na rua começou a aumentar, carros pretos e táxis amarelos corriam a toda pela superfície desnivelada. Moradores tomavam as calçadas, levando os cachorros para passear e seguindo em direção ao Central Park para uma corrida matutina, aproveitando o máximo que podiam do tempo antes de começarem o dia de trabalho com afinco.
O Mercedes parou no meio-fio assim que nos aproximamos, com Raúl, um homem grande, ao volante. Agnus parou o Bentley logo atrás. Meu carro e o de Gideon, seguindo para casas separadas. Como isso podia ser um casamento?
Mas na verdade, era o nosso casamento, apesar de nenhum de nós desejá-lo dessa maneira. Tive que estabelecer um limite quando Gideon contratou meu chefe na agência de publicidade para a qual eu trabalhava.
Compreendo o desejo de meu marido de me ver na Cross Industries, mas tentar me forçar agindo pelas minhas costas…? Eu não podia deixar, não com um homem como Gideon. Ou estávamos juntos ― tomando decisões juntos ― ou estávamos muito afastados para fazer o relacionamento dar certo.
Jogando a cabeça para trás, olhei para o rosto lindo dele. Vi remorso ali, além de alívio. E amor. Muito amor.
Sua beleza era estonteante. Tinha os olhos azuis como o mar do Caribe, os cabelos eram fartos, pretos e brilhosos, uma juba que chegava ao pescoço. Seu rosto tinha sido esculpido, com traços e ângulos feitos perfeitamente a ponto de surpreender e dificultar o raciocínio. Eu me senti enfeitiçada por sua aparência assim que o vi, e ainda percebo minhas sinapses fritando, às vezes. Gideon me surpreendeu.
Mas era o homem por dentro, com sua energia e seu poder fortes, a inteligência e a coragem, aliados a um coração que sabia ser muito sensível…
“Obrigada.” Meus dedos percorreram os pelos escuros de suas sobrancelhas, formigando como sempre acontecia quando entravam em contato com sua pele. “Por me chamar. Por me contar sobre seu sonho. Por me encontrar aqui.”
“Encontraria você em qualquer lugar.” As palavras eram uma promessa, ditas de modo fervoroso e intenso.
Todo mundo tinha demônios. Os de Gideon ficavam enjaulados por sua força de vontade impetuosa quando ele estava acordado, mas quando dormia, era atormentado por eles em pesadelos violentos e terríveis. Tínhamos muito em comum, mas a agressão em nossa infância era um trauma compartilhado que nos unia e nos separava. Fazia com que eu lutasse mais. Nossos agressores já tinham tirado muito de nós.
“Eva… Você é a única força capaz me manter afastado.”
“Obrigada por isso também”, murmurei, com o peito comprimido. “Sei que não foi fácil para você me dar espaço, mas eu precisava. E sei que forcei você…”
“Forçou muito.”
Esbocei um sorriso diante de sua frieza ao dizer aquilo. Gideon não era um homem acostumado a não receber o que queria. “Eu sei. E você permitiu, porque me ama.”
“É mais do que amor.” Ele segurou meus punhos, apertando de um modo que fazia com que tudo dentro de mim se entregasse.
Assenti, não mais temendo admitir que precisávamos um do outro de um modo que algumas pessoas considerariam doentio. Éramos assim, tínhamos isso. E era precioso.
“Vamos ao dr. Petersen juntos.” Ele disse as palavras com a ordem inconfundível, mas ele olhou para mim como se tivesse feito uma pergunta.
“Você é muito mandão”, provoquei, querendo que ficasse um clima bom entre nós. De esperança. Nossa sessão de terapia semanal com o dr. Petersen aconteceria em poucas horas, e não poderia ser mais adequada. Nós tínhamos dobrado uma esquina. Precisávamos de ajuda para entender quais seriam nossos próximos passos dali em diante.
Ele envolveu minha cintura com as mãos. “Você adora.”
Segurei a barra de sua camisa, segurando o tecido macio.
“Eu adoro você.”
“Eva.” Seus braços me envolveram com força e intensidade, e senti sua respiração tensa em meu pescoço. Manhattan nos cercava, mas não nos podia penetrar. Quando estávamos juntos, o resto deixava de existir.
Emiti um gemido de desejo, e todo o meu desejo por ele vinha à tona por tê-lo de novo grudado em mim. Respirei fundo e senti seu cheiro, e meus dedos massagearam os músculos rígidos de suas costas. A adrenalina que me tomava era forte, eu era viciada nele ― coração, alma e corpo ― e já tinha passado dias sem minha dose, e estava trêmula e desconcertada, incapaz de pensar direito.
Ele me envolveu, seu corpo era muito maior e mais rígido do que o meu. Eu me senti segura no abraço dele, valorizada e protegida. Nada podia me tocar nem ferir quando ele me abraçava. Queria que ele sentisse a mesma segurança comigo, precisava que ele soubesse que podia baixar a guarda, respirar fundo e que eu protegeria nós dois.
Eu tinha que ser mais forte. Mais esperta. Mais intimidadora. Tínhamos inimigos, e Gideon lidava com eles sozinho. Era natural para ele ser protetor; era uma de suas características que eu admirava profundamente. Mas eu tinha que começar a mostrar para as pessoas que podia ser um adversário tão incrível quanto meu marido.
Mais importante, tinha que provar isso a Gideon.
Recostada nele, absorvi seu calor. Seu amor.
“Nós nos vemos às cinco, campeão.”
“Nem um minuto a mais”, ele respondeu com intensidade.
Não consegui conter o riso, encantada com cada faceta sincera dele. “E se eu me atrasar?”
Afastando-se, ele lançou a mim um olhar de arrepiar. “Vou te buscar.”
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