Resenha| O menino do pijama listrado, de John Boyne
By Helen Martins - 12/23/2015 03:30:00 PM
Título: O menino
do pijama listrado
Autor: John Boyne
Editora: Companhia
das Letras
Número de páginas: 192
Classificação: 5/5
Sinopse: Bruno
tem nove anos e não sabe nada sobre o Holocausto e a Solução Final contra os
judeus. Também não faz ideia de que seu país está em guerra com boa parte da
Europa, e muito menos de que sua família está envolvida no conflito. Na
verdade, Bruno sabe apenas que foi obrigado a abandonar a espaçosa casa em que
vivia em Berlim e mudar-se para uma região desolada, onde ele não tem ninguém
para brincar nem nada para fazer. Da janela do quarto, Bruno pode ver uma
cerca, e, para além dela, centenas de pessoas de pijama, que sempre o deixam
com um frio na barriga. Em uma de suas andanças Bruno conhece Shmuel, um garoto
do outro lado da cerca que curiosamente nasceu no mesmo dia que ele. Conforme a
amizade dos dois se intensifica, Bruno vai aos poucos tentando elucidar o
mistério que ronda as atividades de seu pai. 'O Menino do Pijama Listrado' é
uma fábula sobre amizade em tempos de guerra, e sobre o que acontece quando a
inocência é colocada diante de um monstro terrível e inimaginável.
Muitos livros são difíceis
de resenhar, mas o Menino do pijama listrado com toda certeza entra no top dos
3 mais. Li esse livro em 2011 e nunca tive coragem suficiente para escrever uma
resenha para ele, talvez por ser um livro que mexe muito com o emocional
daqueles que o leem. Mas cheguei a conclusão que esse é um daqueles livros que
tem que ser mais do que recomendado, tem que ser exposto, o mundo precisa ler
livros como esse, que apesar de parecer simples tanto em seu texto, quanto em
sua diagramação, carrega por si mesmo uma história de peso, que levará você em
uma louca corrida emocional.
Geralmente livros em que a
história se passa em tempos de guerra vemos a narrativa sendo contada pela
parte que mais sofrem com a guerra, aqueles que são o alvo principal,
dificilmente vemos o lado daqueles que estão fazendo a guerra, e é nesse ponto
que o livro se destaca. Nenhum dos dois protagonistas são aqueles que fazem a
guerra ou aqueles que estão sendo alvo, ambos sofrem com ela, mas cada um em um
nível diferente.
"Uma coisa é certa: ficar se sentindo miserável não tornará as coisas mais alegres."
Filho de um dos comandantes do
partido nazista Bruno é obrigado a se mudar com toda a sua família para uma
casa nos arredores de um dos maiores centros do Holocausto do regime Nazista (Auschwitz),
após uma visita do próprio Hitler à sua casa.
Bruno é uma criança protegida que vê em seu pai um herói, e não entende muito bem o porquê está tendo que se mudar para uma casa “pequena” e longe de tudo, deixando tudo o que conhece para trás, inclusive sua casa de cinco andares super confortável. Poderíamos até achar Bruno um personagem cabeça de vento e egoísta, mas temos que lembrar que ele é uma criança, não sabe o que está acontecendo ao seu redor.
Bruno é uma criança protegida que vê em seu pai um herói, e não entende muito bem o porquê está tendo que se mudar para uma casa “pequena” e longe de tudo, deixando tudo o que conhece para trás, inclusive sua casa de cinco andares super confortável. Poderíamos até achar Bruno um personagem cabeça de vento e egoísta, mas temos que lembrar que ele é uma criança, não sabe o que está acontecendo ao seu redor.
Todos no campo usavam as mesmas roupas, aqueles pijamas com os bonés de pano também listrados; e todos que passavam pela sua casa (exceção feita à mãe, Gretel e a ele próprio) vestiam uniformes de variadas qualidades e graus de condecoração e quepes e capacetes com grandes braçadeiras vermelhas e negras e traziam armas e estavam sempre com o semblante terrivelmente severo, como se tudo aquilo fosse muito importante e ninguém pudesse pensar diferente. Qual era a diferença, exatamente?, ele se perguntou. E quem decidia quem usava os pijamas e quem usava os uniformes?
O livro é inteiro narrado por
Bruno, em primeira pessoa, e é durante os primeiros capítulos que vemos através
de seus olhos inocentes que a luta travada durante a segunda guerra mundial,
atingia de maneiras também sofrida e ruins as famílias alemãs, que seus
soldados também eram pressionados a agir de certo modo se quisessem viver, e,
que o ponto de ruptura de uma pessoa, nessas condições, chega de várias formas.
Ele começa a ver a sua família ruir.
“Não dói tanto assim”, disse Pavel numa voz gentil e delicada. “Não torne as coisas piores, pensando que dói mais do que você realmente está sentindo.”
Por se sentir muito solitário e
como toda criança com tempo livre, e muita curiosidade, Bruno que observa
diariamente da janela do seu quarto, centenas de pessoas utilizando o mesmo
pijama listrado atrás de uma cerca que se estende ao horizonte, decide explorar
e descobrir o porquê de todas elas estarem ali e serem permitidas se vestir
todo o dia com aquele traje. É durante uma dessas explorações que Bruno conhece
o nosso outro personagem principal, Shmuel, um menino judeu que tem a mesma
data de nascimento dele e que passa o dia todo de pijama. A partir desse
momento uma amizade forte e fiel é formada pelos dois.
Os dois passam a se encontrar
diariamente, cada um em um lado da cerca, até que Bruno tem a brilhante ideia
de mostrar o seu mundo para o seu novo melhor amigo, e descobrir como é o mundo
de Shmuel pessoalmente, atravessando a cerca.
Bruno abriu os olhos, assombrado com as coisas que via. Na sua imaginação ele pensara que todas as cabanas estavam cheias de famílias felizes...Pensou que todos os meninos e meninas que moravam ali estariam em grupos diferentes, jogando tênis ou futebol, pulando corda e desenhando no chão quadrados para jogar amarelinha...Como ele pôde ver, todas as coisas que ele imaginou estarem lá – não estavam.
O desfecho do livro é algo difícil
de aceitar, mas é nele que vemos a dor não de uma raça, uma nação ou até mesmo
de um único indivíduo, mas a dor de quem teve que conviver, fazer e sobreviver
a uma guerra, que destrói tudo que existe de puro e inocente no mundo. É literalmente
um final dolorosamente poético.
“Você é o meu melhor amigo, Shmuel”, disse ele. “Meu melhor amigo para a vida toda”.
De uma sensibilidade sem tamanho o autor nos envolve em uma história que te fará chorar (Talvez como nenhuma outra antes tenha feito), e te fará sorrir com a inocência de dois personagens, que aparentemente não tem nada em comum, mas no fundo são totalmente iguais, vítimas de uma guerra que não entendiam, juntos por uma amizade inabalável e um amor ainda maior pela vida e suas famílias.
Uma coisa interessante de se destacar é que o autor escreveu esse livro em dois dias e meio, algo que realmente me impressionou e surpreendeu. Outra coisa é que o livro já foi adaptado pela industria cinematográfica em 2008. Então se você quiser ler o livro e depois assistir ao filme, ou apenas assistir ao filme, não vai se arrepender, até porque a adaptação é bem fiel ao livro!
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