Resenha: A Sangue Frio, de Truman Capote

By Helen Martins - 7/26/2014 02:39:00 AM

Título: A sangue Frio
Autor: Truman Capote
Editora:Companhia das Letras
Número de páginas:440
Classificação:5/5

Confira a sinopse:

Com o objetivo de fazer uma reportagem sobre o assassinato do casal Clutter e seus dois filhos, ocorrido em 1959 na cidade de Holcomb, nos Kansas, Estados Unidos, Truman Capote passou mais de um ano na região, entrevistando os moradores e investigando as circuntâncias do crime. Sem gravador ou bloco de notas, munido apenas de sua prodigiosa memória e de um talento excepcional para observar detalhes, escrafunchar informações e, sobretudo, contar uma boa história, Capote produziu um clássico do jornalista literário.


A sangue frio foi um livro que comecei a ler por exigência de uma das cadeiras que pago na faculdade de jornalismo, e simplesmente devorei o livro em uma semana! Sim uma semana, pois o livro é uma trama bastante sólida e é necessário prestar atenção nos mínimos detalhes.

Vocês devem estar pensando: Porque tivesse que ler esse livro para a faculdade? E a resposta é bem simples. Truman Capote é ninguém mais, ninguém menos que um jornalista/autor que escreveu um "romance não-ficcional", que passou a ser considerado a primeira obra do New Journalism ou Jornalismo literário.

“'A sangue frio' escancarou o lado sombrio do sonho americano do pós-guerra. As saídas são poucas, tanto para os assassinos, criados em um ambiente pobre e fraturado, como para a família, abastada e exemplar, cujo ideal de realização parece não ir muito além de assar tortas de cereja para a feira do condado.” Contra capa

O livro é um grande relato da pesquisa investigativa incansável desse jornalista, para contar em detalhes tudo que ocorreu na noite do assassinato da família Clutter, e como tudo chegou a esse ponto. Truman narra tudo nos mínimos detalhes, como era a vida da família, os gostos e tiques, o cotidiano, a maneira de viver. Te leva a conhecer também a vida dos assassinos, as reações dos moradores da cidade após a morte da família, toda a investigação policial, a fuga e a captura dos criminosos, assim como tudo que acontece com eles após a prisão.

"Mas quando a multidão viu os assassinos, com sua escolta de policiais rodoviários de casaco azul, ficou em silêncio, como se espantada de constatar que os dois tinham forma humana.” Pág 310

Ele chega a entrevistar os familiares do acusados, das vítimas, ler diários e documentos oficiais, em certos pontos da narrativa ficamos surpresos com tudo o que ele descobre e a polícia não. Cercado de mistérios e certas dúvidas, principalmente com relação ao relacionamento que existe entre Capote e Perry Smith, um dos principais acusado do crime, e que o ajuda a “escrever” o livro. A sangue frio te deixa em um suspense quase insuportável.

Até onde é verdade?

Porém não podemos acreditar em tudo que lemos afinal não podemos esquecer que o livro é um romance. Em certas partes da leitura eu me pegava imaginando será que isso realmente aconteceu? Ou é a imaginação do autor misturada com ficção e os fato? Afinal segundo Capote, todos os anos de pesquisa e informações que ele conseguiu foram guardados apena na sua memória, não existia nenhuma anotação! (Minha gente,isso que é memória de elefante O.o). 

E também temos que levar em consideração o relacionamento próximo dele com Richard Hickock (Dick) e Perry Smith, será que foi tudo narrado com imparcialidade?

Posso dizer que essa foi a melhor leitura, até hoje, que fiz por causa do meu curso. O bom do livro é que você sabe o que aconteceu, mas não o porque e como chegou a isso, a todo instante você fica tentando entender do porque ter acontecido isso com aquelas pessoas. Esse é o exemplo mais clássico possível que jornalismo também pode ser literatura.


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